CARACTERÍSTICAS DOS MESTRES

Do livro: Discípulos e Mestres.

Pr. OM-CHERENZI LIND

discipulos e mestres

O verdadeiro Mestre de Sabedoria não faz alarde de suas condições, mas é fácil conhecê-lo por suas múltiplas atividades, seu fervor apostólico, sua capacidade ilimitada para vencer todas as dificuldades que se lhe apresentam, e sua altiva paciência e nobreza de espírito, embora não seja dado compreendê-lo senão salvo por certos espíritos de seleção excelsa. O Mestre é um mentor seguro e um amigo fiel, e mais devoto de seu Discípulo do que se fosse o seu pai. Ademais, vibra em todas as situações e age em todas as virtualidades da vida de maneira distinta, segundo sejam as necessidades. Daí que pareça ter diversas personalidades e seja materialmente tão difícil compreendê-lo sem ser quase um com ele.

A sabedoria de um genuíno Mestre é infinita, e é tão grande o seu desenvolvimento que se sobressai em multidão de atividades e distin­gue-se por incontáveis faculdades, que lhe permitem agir sempre de maneira enaltecida e com rasgos de gênio indiscutível. Possui um caráter inquebrantável e invencível, e sempre se mostra dono das situações em que se vê envolvido. Quanto às suas virtudes, são tão acrisoladas, que seria difícil encontrar comparação.

Por todos estes motivos, os Mestres são muito admirados e vene­rados por aqueles que conseguiram colocar-se mais perto deles, já seja por meio da amizade ou pela iniciação. Não obstante, raras vezes são compreendidos, porque haveria que estar à sua própria altu­ra para medir e sondar a imensidade de espírito que representam. Por isso é que se suscitam grandes dúvidas entre os profanos, nos diversos meios em que eles agem, e pode se dizer que isto é natural, pois aqueles que se acham privados de compreender a grandeza de alma que anima os Mestres, nas inferências su­bliminais do Universo, são incapazes de surpreender a maravilha de nexo existente num Mestre nas situações e coisas de maior importância na vida.

Isso é motivo para que não seja raro ver despertarem-se fortes paixões e desatarem-se tremendos ódios contra eles, por parte das almas pequenas, dado que não encontram mais recurso para não se verem vencidas pela envolvente grandeza e pelo poder superativo que se manifesta na pessoa de um Mestre de Sabedoria.

Os milagres (ou o que o comum das pessoas considera como tais) não são raros entre os Mestres, visto que para eles a Natureza não reserva nenhum segredo, nem o próprio universo lhes saberia escassear forças. Não se deve a outra coisa que todo o Mestre seja um taumaturgo, ao mesmo tempo em que um profundo e genuíno conhecedor, com plena consciência, do real, que consegue resultados maravilhosos por sua compreensão do mecanismo da vida e capaz de assenhorear-se de todas as circunstâncias. Isto fez dizer que os Mestres conhecem todos os idiomas, são superiores a todas as leis da Natureza e nada lhes é impossível.

O Mestre é responsável karmicamente pelo progresso de seus Discípulos, pelo que se encontra mais chegado a eles do que seus próprios pais, e porque o laço espiritual é muito mais poderoso do que o sanguíneo. Estas razões fazem, também, com que para um bom Discípulo o Mestre seja pouco menos que um deus.  Que melhor re­presentação da divindade do que um ser que vive exclusivamente dedicado ao Verbo Universal? Com maior razão se se trata de um Mestre de categoria superior, como um Chohan ou super-alma, um Maha Chohan ou mentor de devas e anjos, o que, na realidade, sig­nifica um Budha ou Cristo, isto é, a encarnação viva da Consciência Universal, Espírito Santo ou Alma Cósmica.

Quanto mais sincero seja um Discípulo ou Chela, mais há de venerar o seu Mestre, e então, saberá sentar-se a seus benditos pés e sumir-se logo no puro alento de quem sabe ser a expressão ardente dos Princípios Universais. Não é de estranhar-se, portanto, se a veneração costuma converter-se em adoração, e a simpatia em devoção, pois, quanto mais se consegue colocar-se em contato com o íntimo do Mestre, mais se sente afim com ele.

A relação do Discípulo ou CheIa com o seu Mestre não é de ca­ráter material senão, puramente, espiritual. Por isso está vedado àqueles nomearem diante dos estranhos o Mestre, falar dele ou referirem-se à sua pátria, idade ou sua vida pessoal e terrena. Se cada Discípulo compreendesse o alcance destas coisas cumpriria com elas sem desmerecer, sem diminuir seu amor à verdade encarnada no Mestre; então, não haveria perigo de que se produzisse for­ma alguma de culto ao Mestre, o que, ademais de ser irrisório e grosseiro, nenhum genuíno Mestre tolera, dado que carece de vaidade e não quer ser motivo de fanatismo, de enfermidade emotiva nem de estancamento moral ou de vulgar estultícia.

É natural que nos submerjamos na luz quando a descobrimos, mas não é próprio endeusar a forma de nenhum Mestre. O incen­so e as lisonjas litúrgicas estão fora de lugar ante um Mestre.  Ele não se deixa seduzir por tão grosseiros procedimentos nem comercia com sua consciência por tão desprezíveis bagatelas próprias de cortes mundanas.

O melhor modo de corresponder ao Mestre é permanecer fiel aos princípios por ele propugnados, e, desta sorte, nos converteremos em genuínos servidores da Vida Universal.